sexta-feira, 17 de junho de 2016

Como deixar filhos melhores para o mundo Ao invés de [apenas] deixarmos um mundo melhor para nossos filhos.



Paremos um instante para pensar no quão impactante para o futuro é educar uma criança. Certamente esse impacto no mundo, na população terrestre, está fora da possibilidade de ser medido apenas em números. E o impacto em números não é o nosso interesse aqui, nosso interesse está na qualidade desse futuro.

A educação das crianças interfere diretamente no que chamamos de qualidade de vida, e posso dizer mais, interfere direta e certeiramente no futuro da humanidade. Por que digo isso? Porque nós precisamos de um mundo mais inteligente. E não estou falando apenas de inteligência cognitiva, não é uma questão de QI alto, de mentes brilhantes. Eu falo aqui sobre inteligência emocional.

Precisamos de uma inteligência coletiva, que agregue mais do que individualize. Mas o que é inteligência emocional? É uma forma de inteligência na qual as pessoas conseguem identificar com mais facilidade os seus sentimentos, e os dos outros, e aprendem a lidar de forma saudável com eles.

Nós precisamos de um mundo com habitantes que saibam usar melhor os seus sentimentos, que utilizem-nos para o bem, que sejam sensíveis uns com os outros e com o mundo, que saibam compartilhar emoções, que não tenham medo de sentir. Seres humanos que saibam questionar suas ações, pensar nas consequências dessas para o todo, e não apenas isso, mas que tenham força moral para tomarem as atitudes necessárias e manterem suas opiniões quando perceberem que uma ação irá gerar uma reação negativa para a natureza e os outros seres vivos (humanos ou não). Que saibam recuar diante das inúmeras tentações que nos cercam e corrompem (o poder, o dinheiro, o sucesso), e nos afastam de um mundo mais coletivo, sustentável e saudável para todos.

Otimismo demais? Ideologia demais?
Acho preferível. Melhor o otimismo em relação a ideia de que o investimento no amor, no apoio, na educação de uma criança poderá mudar o futuro do que a incerteza do amanhã com os braços cruzados. Não podemos esperar sentados pela mudança. Nossos filhos estão aqui, nesse momento, pedindo para serem educados, guiados, amados, cuidados, apoiados, e eles nos pedem isso exatamente nesse AGORA em que vivemos. Vamos esperar o quê? Dê amor ao seu filho, cuide, dê limite, proteja, dê bronca, incentive, brinque, ensine, dê exemplo, tenha tempo com ele... A infância é o período de formação da personalidade e da moral da criança, do desenvolvimento cognitivo, motor, do desenvolvimento da linguagem, da descoberta dos sentimentos... Seja o "modelo" de ser humano que você gostaria que seu filho. Se esforce para atingir o seu melhor como pessoa, lembrando-se que um pequeno ser está sempre a olhar para você, admirado, observando tudo o que você faz, colocando-te como a pessoa mais importante da vida dele, pessoa a qual ele em tudo vai se espelhar. Seja para ele aquilo que você gostaria de ver no futuro.


Pense que seu filho é uma pequena esponja e está pronto para absorver tudo envolta. No início ele irá absorver TUDO que estiver ao redor dele, coisas boas e ruins, e irá absorver muito rápido. Porém, quem tem o discernimento, nesse primeiro momento, de separar o bom do ruim e mostrar para aquele pequeno bebê o que é "interessante" para ser absorvido, é você. Portanto, tenha paciência, dedique-se a educação de seu filho. É claro que cuidar de perto do desenvolvimento de uma criança não é uma tarefa simples. Precisamos, antes de tudo, estar atentos a nós mesmos, estar bem conosco. Há uma questão central que, por vezes, é negligenciada: o bem-estar físico e emocional dos cuidadores da criança. Mães, pais, avós, irmãos, parentes, amigos, profissionais, quem quer que sejam os responsáveis, a sua saúde é essencial para o bom desenvolvimento da criança que está sob seus cuidados. Não deixe o cuidado consigo de lado.

Vale lembrar de outra questão também primordial, o papel da escola na educação dos nossos filhos. A escola é uma instituição criada para a prática do ensino formal (respaldado por conteúdos, formas didáticas, certificação, profissionais de ensino, etc) e obrigatório à alunos, sendo administrada por professores. Ainda assim, existem muitos pais e/ou cuidadores que confundem o ensino formal e obrigatório que a escola oferece com a educação que precisa ser aprendida em casa. O ensino formal ofertado pelas escolas é composto por conteúdos pré-estabelecidos, elaborados por profissionais de ensino e transmitidos aos alunos de forma didática. Posteriormente, esses alunos são testados quanto aos conhecimentos aprendidos e, obtendo êxito, são certificados após a conclusão dos cursos propostos pelo Ministério da Educação (MEC). Já a educação seria um processo de ensino-aprendizagem realizado pela sociedade, entre os próprios agentes sociais, ou seja, com as pessoas entre si. No caso de bebês e crianças menores, ocorre nesse primeiro momento, através de seus pais, em uma constante interação e troca de aprendizagens e sentimentos. Assim, a transmissão de valores morais e éticos, a organização e manejo do comportamento, as regras a serem seguidas, enfim, todas essas e outras atividades similares são de responsabilidade da família cuidadora da criança, não cabendo à escola a educação dos nossos filhos nesse sentido.

Para finalizar, quero que pensem novamente sobre a seguinte questão: Será que é ser realmente otimista demais querer um mundo assim?
Mesmo que seja e independente dos inúmeros desafios apresentados ao longo do desenvolvimento infantil, o qual acompanharemos como pais e responsáveis, no futuro saberemos que valeu a pena quando olharmos nos olhos dos nossos pequenos já crescidos, aqueles com quem dividimos tantas experiências, e percebermos que eles tornaram-se seres humanos de verdade, que compartilham não só sentimentos, mas o mundo em que vivem. Vamos perceber que valeu a pena ter investido na educação de uma nova geração, uma geração que sabe utilizar-se de um "pensamento coletivo" bem estruturado e desenvolvido para deixar o mundo melhor, para otimizar a qualidade de vida e beneficiar o todo, a humanidade.


Por Danielle Caus - CRP 16/4134

Psicologia

quarta-feira, 15 de junho de 2016

As 5 fases do luto (ou sobre a morte) de Elisabeth Kubler-Ross





Negação, raiva, barganha, depressão e aceitação. Conheça as 5 fases do luto de Elisabeth Kubler-Ross através de texto e de um vídeo ilustrativo que torna fácil o entendimento.

Você provavelmente já deve ter ouvido falar que existem cinco estágios para a experiência do luto. A psiquiatra Elisabeth Kubler-Ross conseguiu identificar a reação psíquica de cada paciente em estado terminal e elaborou as cinco fases do luto.
O luto é um processo necessário e fundamental para preencher o vazio deixado por qualquer perda significativa não apenas de alguém, mas também de algo importante, tais como: objeto, viagem, emprego, ideia, etc.

As cinco fases do luto (ou da perspectiva da morte) são:

Fase 1) Negação

Seria uma defesa psíquica que faz com que o indivíduo acaba negando o problema, tenta encontrar algum jeito de não entrar em contato com a realidade seja da morte de um ente querido ou da perda de emprego. É comum a pessoa também não querer falar sobre o assunto.

Fase 2) Raiva

Nessa fase o indivíduo se revolta com o mundo, se sente injustiçada e não se conforma por estar passando por isso.

Fase 3) Barganha

Essa é fase que o indivíduo começa a negociar, começando com si mesmo, acaba querendo dizer que será uma pessoa melhor se sair daquela situação, faz promessas a Deus. É como o discurso “Vou ser uma pessoa melhor, serei mais gentil e simpático com as pessoas, irei ter uma vida saudável.”

Fase 4) Depressão
Já nessa fase a pessoa se retira para seu mundo interno, se isolando, melancólica e se sentindo impotente diante da situação.

Fase 5) Aceitação

É o estágio em que o indivíduo não tem desespero e consegue enxergar a realidade como realmente é, ficando pronto pra enfrentar a perda ou a morte.

Conclusão

É importante esclarecer que não existe uma sequencia dos estágios de luto, mas é comum que as pessoas que passam por esse processo apresentem pelo menos dois desses estágios. E não necessariamente as pessoas conseguem passar por esse processo completo algumas ficam estagnadas em uma das fases que citei.
O papel do psicólogo é identificar e ajudar a pensar junto com o paciente o estágio em que se encontra. A resolução do estágio exige a vivencia de sentimentos e pensamentos que o indivíduo evitava. A tarefa do psicólogo é permitir que o paciente vivencie o luto.


quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

O olhar que cura


A perda da fé talvez seja a maior tragédia para a vida humana. Não estou falando daquela fé no sentido estritamente religioso, e sim a fé em algo ou até mesmo em alguém, pois ela é a única coisa que nos mantém conectados e participantes na dinâmica da vida.
Quando ela foi perdida vê-se a vida por um prisma particularmente negativo, o que faz o sujeito a rejeitá-la assim mesmo como ela é, e fazer de tudo para não participar da realidade. Por medo e aversão, recuamos, nos isolamos e nos escondemos a fim de evitar o sofrimento. Mas é justamente esse recuo que o provoca, pois a única coisa capaz de curar nossas feridas chama-se eros (amor).
Quando eros aparece, nossa fé aumenta, pois já não existe tanto temor em enfrentar as situações que a vida oferece. A fé em nossa capacidade, a fé numa sabedoria superior, ou mesmo a fé em outra pessoa. Quando nos encontramos tão desprovidos desse sentimento o que nos resta é a sorte de que alguém nos olhe com amor e fé em nossa capacidade, para que essas dimensões voltem a brotar em nosso interior.
Como disse Madre Tereza, as pessoas boas merecem nosso amor, as más precisam dele. Não vou aprofundar aqui no mérito da questão entre “bom e mau”, mas vale a pena lembrar de que isso apenas diz respeito àquilo que é conveniente. Mas essa fala de Madre Tereza é fundamental para enxergarmos de que as pessoas mais isoladas, mais quebradas e por vezes mais arredias são justamente aquelas que mais precisam de um olhar de amor para curarem suas feridas.



Um mundo que não aceita frustrações




Por vezes me pego incomodada com algumas atitudes que vejo por aí, e hoje vou falar de uma relacionada à educação (no sentido de formação de caráter) infantil. Na década do “politicamente correto” parece haver um excesso de proteção aos pequenos, no sentido de que os adultos evitam ao máximo que eles entrem em contato com sentimentos “ruins”.
Coloco ruins entre aspas porque questiono essa classificação. Só porque algo não é conveniente ao ego não quer dizer que não tenha sua função. E assim vejo por exemplo as escolas promovendo jogos entre turmas, em que no final todos ganham medalhas. Ora, será que não estamos exagerando na política de merecimento gratuito de nossos filhos?
Com sinceridade vamos responder à essa pergunta: na vida é possível que um indivíduo realize coisas sem esforço ou habilidade naquilo que faz? Me parece que via de regra não. Então porque estamos emulando um mundo irreal aos nossos pequenos? Um dia eles vão crescer e vão ter que em alguma medida se adaptar à um mundo que também via de regra não dá nada de graça pra ninguém. Se você quer que seu filho seja capaz de realizações e de autonomia ele precisa entender a política do dever.
Até porque quando ganhamos tudo dos outros uma parte nossa se satisfaz, mas outra sente-se incapaz. Proporcionar auto-estima para as crianças não se faz apenas por presentes, roupas bonitas e elogios. Até porque esse tipo de estima fica sempre dependente do olhar do outro. Se faz principalmente pelo senso de capacidade de realizar e de amar e ser amado que um indivíduo pode ter.
Em algum grau, para que a criança possa crescer e transformar-se em um ser autônomo, há que se sacrificar em parte o instinto materno. O que quero dizer com instinto materno não é só aquele que brota nas mulheres que tiveram filhos, e sim em qualquer um de nós que deseja sempre providenciar tudo e proteger o outro do “sofrimento”. Seja esse outro filho, marido, esposa, amigos, alunos, pacientes, etc…

Proteger o outro é um ato de amor muito bonito, mas quando o privamos de seu crescimento perdemos o entendimento do nosso papel enquanto guias e orientadores para que essa vida possa florescer independente de nós.

Solidão infantil



Realidade em diferentes momentos e em diferentes espaços. A solidão infantil é algo que o adulto, quando anestesiado pela vida, torna-se incapaz de reconhecer naqueles pequeninos que estão tão próximos, e entregues aos seus cuidados.
Podemos tentar jogar a culpa em diversas coisas, como o tempo que passamos trabalhando, ou então a diminuição do número de filhos que as famílias possuem hoje, também nas sedutoras babás eletrônicas (tv e internet), ou ainda nos perigos de deixar as crianças conviverem com seus vizinhos e amigos de fora da casa. E essas dificuldades são reais, mas como diz a sabedoria popular, quem quer faz, quem não quer arruma desculpa.
Vejam bem pais apáticos: nada substitui o contato humano. E por contato humano não basta morarem sob o mesmo teto, é preciso que haja interação, diálogos, interesse, atividades em conjunto, brincadeiras… relações afetivas de qualidade!
Pais autoritários, prestem atenção: relação de mão única não existe. Se vocês tivessem realmente autoridade, não precisariam se valer do lema “cale a boca, quem manda sou eu!”. Para ter respeito é preciso ser admirado. Respeito se aprende mais por modelo do que por imposição.
Pobres crianças, tantos brinquedos e ninguém com quem brincar!!!


Fonte: http://www.terapiaemdia.com.br/?p=1462

domingo, 10 de agosto de 2014

Tentações... Não nos deixes cair na tentação...


O quadro de Salvador Dali (1904-1989), A tentação de S. Antônio (1946), evidencia o teor exagerado da nossa imaginação. A tentação é uma deformidade da realidade e quem nunca a experimentou, atire a primeira pedra!
Tentação é palavra temida e sedutora e exerce grande atrativo no nosso imaginário. Quando ela se apresenta o "Superego" diz: “Não pode!...”, em quando o "Id": “que delícia!...” Eu tenho percebido que, quanto mais se nega e reprime, ela mais rebota e ecoa!... O proibido desata mais o desejo!
Tentação é atração para o exagerado, inadequado ou proibido. A propaganda e o marketing sabem disso, por isso os apelos constantes a gastar mais do que se pode ou fazer o que não se deve.
Para quem acredita, a tentação é perversa, pois rompe a fidelidade, fraternidade e comunhão. As Escrituras cristãs a relacionam sempre com o mal.

Contudo, as tentações fazem parte da nossa caminhada, pois é próprio da imaginação ousar, romper parâmetros e fronteiras. O próprio Jesus foi tentado; Pedro e Paulo também. Para eles não foi nada fácil caminhar no amor. Há gestos humanos que superam o próprio amor, querer e interesse.
As tentações vêm por fora e por dentro; ninguém está livre das seduções do mundo, do medo e dos seus próprios fantasmas...
Mas a tentação pode virar também paranoia: “Quanto mais rezo, mais fantasmas aparecem...”, dizia-me uma pessoa amiga.
A tentação se vence com as boas ações! O que fazer? Ter Jesus como único Senhor e Salvador é o primeiro passo, pois a limitação experimentada nunca será maior do que a salvação que Ele gratuitamente nos deu!
Antigamente as pessoas tinham escrúpulos, hoje provavelmente arrependimentos! Concretizar a tentação é viver na fantasia!

Uma pergunta: Como superar as tentações?

 Pe. J. Ramón F. de la Cigoña sj