A perda da fé talvez
seja a maior tragédia para a vida humana. Não estou falando daquela fé no
sentido estritamente religioso, e sim a fé em algo ou até mesmo em alguém, pois
ela é a única coisa que nos mantém conectados e participantes na dinâmica da vida.
Quando
ela foi perdida vê-se a vida por um prisma particularmente negativo, o que faz
o sujeito a rejeitá-la assim mesmo como ela é, e fazer de tudo para não
participar da realidade. Por medo e aversão, recuamos, nos isolamos e nos
escondemos a fim de evitar o sofrimento. Mas é justamente esse recuo que o
provoca, pois a única coisa capaz de curar nossas feridas chama-se eros (amor).
Quando
eros aparece, nossa fé aumenta, pois já não existe tanto temor em enfrentar as
situações que a vida oferece. A fé em nossa capacidade, a fé numa sabedoria
superior, ou mesmo a fé em outra pessoa. Quando nos encontramos tão desprovidos
desse sentimento o que nos resta é a sorte de que alguém nos olhe com amor e fé
em nossa capacidade, para que essas dimensões voltem a brotar em nosso
interior.
Como
disse Madre Tereza, as pessoas boas merecem nosso amor, as más precisam dele.
Não vou aprofundar aqui no mérito da questão entre “bom e mau”, mas vale a pena
lembrar de que isso apenas diz respeito àquilo que é conveniente. Mas essa fala
de Madre Tereza é fundamental para enxergarmos de que as pessoas mais isoladas,
mais quebradas e por vezes mais arredias são justamente aquelas que mais
precisam de um olhar de amor para curarem suas feridas.